Monday, April 16, 2012

Universidades portuguesas dão formação de "baixa qualidade"


Miguel Soares, o investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência em Portugal, considera que as universidades portuguesas prestam uma formação de baixo nível de qualidade aos alunos.
 
Universidades portuguesas dão formação de "baixa qualidade"
foto Artur Machado/Global Imagens 

 
O investigador, doutorado na Bélgica e antigo leitor na universidade de Harvard, nos Estados Unidos, fez estas declarações, no sábado, num painel do fórum da Sociedade Luso-Americana dos Pós-graduados (PAPS, na sigla inglesa), que decorreu na Universidade de Toronto, no Canadá.
Subordinado ao tema "O renascer português: uma década de crescimento científico e cultural", o 13.º fórum da PAPS, que junta alunos de pós-graduações universitárias e profissionais lusos no continente norte-americano, contou com as presenças do Embaixador de Portugal no Canadá, Pedro Moitinho de Almeida e do cônsul português em Toronto, Júlio Vilela.
Na abertura do encontro, o diplomata exortou a comunidade portuguesa a prosseguir os estudos e a melhorar as qualificações profissionais, apontando que "a realização deste fórum é um exemplo de que os portugueses podem fazer pós-graduações nas melhores universidades e trabalhar nas melhores multinacionais".
Instado pela agência Lusa a explicitar o alerta que proferiu durante a sua intervenção, Miguel Soares vincou que, após a revolução de 1974, "Portugal conseguiu a massificação da educação, mas o nível de qualidade que existe nas escolas é baixo. As pessoas saídas das universidades não têm competitividade. Não há excelência. Não admira a elevada taxa de desemprego junto da população jovem".
O responsável acrescentou que "para existir formação de alto nível há que mudar as universidades. E isso faz-se desde logo trazendo os melhores professores do mundo para formar as melhores pessoas do mundo".
O investigador notou, por outro lado, que continua a verificar-se a fraca ligação entre os pólos científicos e a indústria, o que faz com que exista uma maior dependência do financiamento do Estado, para além de limitar a aplicação de inovações científicas junto das empresas.
Outro dos oradores presentes na sessão sobre "Inovação", Cláudio Junkel, diretor do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Portugal, frisou que "a excelência custa muito dinheiro", e revelou que, apesar da grave crise financeira vivida em Portugal, a sua instituição decidiu este ano não cortar o investimento para a investigação.
Tiago Forjaz, fundador da Fundação Talento, em Portugal, um dos convidados a falar sobre empreendorismo, referiu à Lusa o seu empenho em "promover o talento dos portugueses em todo o mundo e em todas as áreas de atividade".
Apoiada numa rede social 'The Star Tracker', com 35 mil membros em 250 cidades em todo o mundo, esta fundação - ainda em fase de formalização legal - mantém a parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian no projeto "Ideias de origem portuguesa", lançado em 2010.
"É notório que na última década a tecnologia ajudou a transformar a capacidade de partilhar os conhecimentos através das redes digitais", observou Forjaz.
Porém, indicou, "continua a ser desejável uma maior ligação entre a investigação e a indústria. Aliás, devido à crise, as universidades não terão grandes opções que não sejam abrirem-se às empresas", concluiu.
Durante este encontro foi anunciado o vencedor do prémio PAPS-LBC Leadership de 2011, o qual foi atribuído a Pedro Reis, atualmente professor assistente no MIT - Massachusetts Institute of Technology, de entre outros quatro nomeados.
Foi a primeira vez que o fórum da PAPS se organizou no Canadá, tendo nas edições anteriores decorrido em cidades dos Estados Unidos.
"A maior parte dos membros da PAPS está nos EUA porque é um reflexo dos programas de intercâmbio com as universidades americanas. No Canadá temos 14 núcleos de portugueses em várias cidades. Essa é uma razão porque escolhemos a organização no Canadá, para darmos uma maior visibilidade", disse à Lusa Ricardo Vidal, presidente executivo da associação.
Este encontro da PAPS teve os apoios da TAP Portugal, Caixa Geral de Depósitos, Banco Espírito Santo, Able Translations Able Transports, Mass Dartmouth e LBC Leadership.

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